quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A vida são dois dias! É certo

Castelo de Almourol

Já lá vão quarenta e dois anos! (Março de 1967).
Cheguei a Ourém. Terra para mim totalmente desconhecida e da qual as referências não eram as melhores.
Por aqui permaneci algum tempo sem rumo certo a tomar.
Entretanto tropecei em algo importante e tudo mudou. Aquilo que eram dúvidas passaram a certezas e acreditei de que era por aqui que queria ficar e ser o mesmo raiano mas também um pouco ribatejano.
Dediquei-me de alma e coração e foi fácil a minha
adaptação.
Sem esquecer as minhas origens, tornei-me oureense com muito orgulho.
Estas gentes são bem mais felizes nestas terras protegidas pela natureza, não só pela sua rica estrutura, mas também pelos benefícios que detêm. Terras férteis, tudo nela se produz com abundância. Além do bom clima, ainda são banhadas pelo Tejo, que com as suas cheias espalham os detritos humosos que as tornam ainda mais férteis. Tudo se cria e produz com abundância.
Por tudo isto se diz, que o coração de Portugal é o Ribatejo.
É com muito orgulho que estas gentes se exibem como ribatejanos. São alegres bem dispostas. A sua vida é bem mais fácil, que nas terras pobres e agrestes.

E... como de louco tenho um pouco, cá vão estas dedicadas aos ribatejanos

Com o que escrevo não riam
É apenas para brincar
Porque os pintos também piam
E eu que sou Pinto quero piar

De poeta tenho pouco
De jeito menos ainda
Só me resta então ser louco
Para gastar alguma tinta

Se pouco tens de poeta
E de louco também não
Não sejas mais pateta
Para que escreves então?

Sou arraiano de gema
Ribatejano também talvez
Nasci com este lema
Sou um de cada vez

De orgulho tenho um pouco
De ribatejano bem forte
Ninguém me chame louco
Por ser feliz com minha sorte

Ó gente do Ribatejo
Que alegre que tu és
Por ser banhada pelo Tejo
E ter o fandango nos pés

Esta dança do fandango
Tem ritmo e é bem linda
Não se compara com tango
Nem com outra que venha ainda

À cinta enrola a fita
O barrete pendurado
Mexe os pés com muita pinta
Até parece tresloucado

10 comentários:

afigaro disse...

Valentão!... isto está a melhorar.
Que grande veia poética! Se tens alguma coisa escrita,vai lá mostrando, amiudadas vezes, a tua arte de poeta.

mlu disse...

Eu, que não me sinto nada ribatejana, gostei das quadras, valeu bem a pena publicá-las. Esta poesia espontânea é bonita. Eu sou completamente beirã, de geografia e de temperamento mas acho curiosas as diferenças das pessoas de acordo com as suas origens.

mlu disse...

...E ter o fandango nos pés.

Embora seja difícil escolher, este é, talvez, o verso de que mais gostei.

É continuar, é continuar!

docanga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
docanga disse...

Obrigada Srª.Professora. A minha geografia anda muito por baixo. Nem pensei duas vezes. Fui influenciado pela vinda do meu irmão mais velho para Almeirim, centro do Ribatejo.
Tenho que começar a mostrar os meus "trabalhos" à Srª.Professora cá de casa, para
não voltar a fazer outra.
Lá terei que continuar a ser só beirão, tanto
aqui, como nas minhas origens. Mesmo sendo só beirão, gosto muito do Ribatejo.

docanga disse...

Desculpe Srª.Professora, em obrigada leia obrigado. Cuidado com a régua!

maria mar disse...

Bem, parece que os comments pararam...então aí vai:

Agora na prosa entro eu
qú'eu cá não sou arraiana,
nasci à beira do Tejo
na lezíria ribatejana.

Terra de gente valente
de sol a sol trabalhadora,
gente alegre, contente,
frontal e conversadora.

Lembro os campos coloridos,
vermelhos de tanta papoila,
verdes, no tempo do trigo,
amarelos nos estios,
castanhos se chega o frio.

Oh pá! e lembro as cheias,
e à saída da escola
fazer como os patos patolas,
e encharcar sempre as meias.


Lembro de tantas colheitas
pelas mãos de calos feitas,
lembro as escamisadas,
vinhas,searas, terras lavradas.

Lembro dos avós a casa,
de subir às árvores,
e a fruta saborear,
nas regadeiras os pés molhar,
correr, brincar e montar.
Tudo o que fazia um rapaz,
a rapariga era capaz.

Enfim...já lá não está...
a uma Beira veio parar,
por cá fez amigos e ficou,
uma ribatejana a morar.


bjoca

docanga disse...

Que engraçado!
Tantas coisas temos em comum: somos "poetas", viemos de outras terras, somos e temos aqui amigos, "com todas as letras".
Que mais queremos? Somos felizes.
Agora, só temos que nos portar bem, ser beirões, continuar a ser quem somos, dignos da amizade que damos e nos é retribuída.
Assim dignificaremos não só o nosso "nome", mas também dos que vivem e convivem connosco.

Eu poeta queria ser
E a vida em versos ter
Para transmitir a quem ler
Tudo o que sinto ao escrever

Tudo na vida tem valor
Mesmo que nela haja dor
Quando feita com ardor
Só resta alegria e amor

Beijinho repenicadinho

mlu disse...

Então, isto encrencou ou é preguiça? Toca a escrever, estou cansada de vir "cuscar" p'ra nada!...

Abraço

maria mar disse...

Esta "coisa" está sempre na mesma? Fartinha de vir aki e nao ver nada de novo, já parece a loja do Manel Cartucho.
Vá lá, seu preguiçoso!!!Toca a arranhar p'raí as teclas do PC...
:(