Sem pensar andei 60 anos... para trás. Aí encontrei o que nunca esquecemos. A nossa meninice.Tudo vem à nossa memória, bons momentos, maus momentos, mas principalmente, tudo aquilo que nos marca para o resto da vida. Aquela gente da nossa saudosa terra, que tanto lutava pela sobrevivência e que tinham de se sujeitar a trabalhos, onde por vezes arriscavam a própria vida. O contrabando era de certo uma dessas tarefas, que muitas humildes pessoas se dedicavam quase diariamente. Para lembrar esses momentos tenebrosos e muito arriscados, resolvi escreve-los e dedica-los àquela gente que tanto amo. Não sou grande escritor, mas sou humano e é com muito carinho que "brinquei" durante umas horas.
O Contrabando
As rédeas bem firmes na mão
Para seus cavalos guiar
Mergulhados na escuridão
Lá vão eles a cavalgar
São valentes mas com medos
Dos perigos enfrentar
Caminhos, veredas, penedos
Tudo conseguem ultrapassar
Lá estão os carabineiros
Para as carabinas apontarem
Às bestas e cavaleiros
Quando à fronteira chegarem
A bala dum carabineiro
O jovem Nunes ceifou
Toda a gente, o povo inteiro
No cemitério o sepultou
As bestas bem carregadas
De valiosos minérios
No regresso não há peugadas
Os caminhos são mistérios
Não vêm só de regresso
Transportam as oleosas
Azeite de muito apreço
Para a pobre gente são rosas
Com todos os odres bem cheios
Novamente a cavalgar
No pensamento receios
Até chegar a Portugal
Arma em riste e bem atentos
Está a Guarda Fiscal
Continuam os tormentos
De regresso a Portugal
O que desta terra resta
Nem a sua gente resta
Terra agreste gente forte
Só o velhinho te resta
Por ser fiel até à morte
De mim peço perdão
Nem de ti me despedi
Trago-te no coração
Nunca, jamais te esqueci
Depois de brincar parei a descansar e comecei a pensar: Como será o futuro de meia dúzia de pessoas que lá vivem? Crianças não há. Jovens procuram futuro noutras terras.
É com tristeza e saudade que vejo aquela aldeia dia a dia a desaparecer.
A vida é cíclica e continua. Eu partirei também, mas talvez estes simples versos matem saudades aos que por cá ficarem.
Mergulhados na escuridão
Lá vão eles a cavalgar
São valentes mas com medos
Dos perigos enfrentar
Caminhos, veredas, penedos
Tudo conseguem ultrapassar
Lá estão os carabineiros
Para as carabinas apontarem
Às bestas e cavaleiros
Quando à fronteira chegarem
A bala dum carabineiro
O jovem Nunes ceifou
Toda a gente, o povo inteiro
No cemitério o sepultou
As bestas bem carregadas
De valiosos minérios
No regresso não há peugadas
Os caminhos são mistérios
Não vêm só de regresso
Transportam as oleosas
Azeite de muito apreço
Para a pobre gente são rosas
Com todos os odres bem cheios
Novamente a cavalgar
No pensamento receios
Até chegar a Portugal
Arma em riste e bem atentos
Está a Guarda Fiscal
Continuam os tormentos
De regresso a Portugal
O que desta terra resta
Nem a sua gente resta
Terra agreste gente forte
Só o velhinho te resta
Por ser fiel até à morte
De mim peço perdão
Nem de ti me despedi
Trago-te no coração
Nunca, jamais te esqueci
Depois de brincar parei a descansar e comecei a pensar: Como será o futuro de meia dúzia de pessoas que lá vivem? Crianças não há. Jovens procuram futuro noutras terras.
É com tristeza e saudade que vejo aquela aldeia dia a dia a desaparecer.
A vida é cíclica e continua. Eu partirei também, mas talvez estes simples versos matem saudades aos que por cá ficarem.